Ontem, apesar de estar à espera da notícia há já algum tempo, não pude deixar de me chocar com o anuncio da morte do António Feio.
Mais um vergado por aquela que considero a doença do século, do milénio ou até, quiçá, da eternidade.
Sempre admirei muito o trabalho do "Toni", e não digo isto com a leveza de espírto com que o típico tuga o faz de cada vez que morre alguém (já tive oportunidade há uns tempos de aflorar esta temática aqui no blog), digo-o com o sentimento sincero de quem gosta de teatro, de quem gosta de comédia e de quem gosta de sátira à sociedade como aquela feita, até há bem pouco tempo, na "Conversa da Treta" pelo António e pelo José Pedro Gomes.
Muito inspirado me senti por aqueles dois cromos, Toni e Zézé, muito me ri de cada vez que ouvia ou via uma rábula de tão autênticos personagens. Tenho expressões que hoje utilizo frequentemente herdadas dos seus espectáculos.
Tive o prazer de ver ao vivo no Coliseu de Lisboa o espectáculo destes dois gimbras, com o mesmo prazer que tive ao ver ao vivo no Teatro Vilaret a peça Popcorn, onde o António Feio liderava um elenco onde um dos figurantes era um desconhecido, sem pescoço, hoje reconhecido como Marco Horácio.
Se artísticamente a admiração era total, desde que publicamente se soube da donça do António Feio, começei também a admirar o Homem. O humor que tão brilhantemente trabalhou ao longo de mais de 40 anos de profissão (apesar de ter só 55 anos de idade,) foi a imagem de marca em cada aparição pública.
De cada vez que que o António Feio acedeu a ser entrevistado, quer para rádio, quer para televisão, quer para a imprensa escrita, sempre tinha como principal característica o humor, o bom astral e uma sapiencia que nem a mais terrível das efermidades lhe conseguiu roubar.
Em trabalho, tive de ir algumas vezes ver no estádio jogos da agremiação do Campo Grande, numa dessas vezes, já no final do passado campeonato, quando cheguei à mesa de jantar reservada para a minha empresa, não pude deixar de notar que na mesa ao lado estava o António Feio com um grupo de amigos, isto foi, mais ou menos, em Abril/Maio num estado já muito avançado da doença. Ele foi o rei da festa, pouco era tempo naquela mesa em que não se ouvia alguém rir com as larachas, sempre a preceito, do António Feio.
Tocou-me a dignidade como enfrentou, públicamente, a doença e tenho pena de ele já ter partido.
Há 15 dias foi também notíciada a morte do Tiago Alves, uma medalhada esperança do Judo Nacional de apenas 18 anos, a mesma doença desta feita no estomago e intestinos.
Apesar de não ter a notoriedade do António Feio foi igualmente chocante saber que no espaço de um mês o Tiago passou de, aparente saudável atleta de alta competição, a mais um para a triste estatística de mortes por cancro.
O Tiago, no pouco tempo em que enfrentou a doença, foi relatando os tratamentos e operações num Blog que vos deixo - http://ipponforlife-tiagoalves.blogspot.com/ - blog esse onde, através dos poucos posts que teve a oportunidade de escrever, deixou a imagem de um luta cara a cara com este último adversário, que infelizmente não conseguiu derrotar.
São apenas 7 posts para nos por a pensar o quão injusta é a vida.
Aos dois, descansem em paz.
Em especial ao "Toni", um dia, daqui a muuuiiiitoooosss anos, espero ter a oportunidade de te encontrar e de me deixar rir com "as tuas Tretas".
Por enquanto, e sei que não me levas a mal, vou-te vendo só nos DVD's que isto agora é verão e patinar não tá nos meus planos mais imediatos.
Um abraço e até qualquer dia
Happy
Há 9 anos
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