domingo, 14 de fevereiro de 2010

Carnaval

Estamos naquela altura do ano em que quase tudo é permitido e que quase tudo é desculpado com a expressão "é carnaval, niguém leva a mal".

Não sou especial fã desta festa que tanto "gay no armário" nos revela e que tanta mama de fora (diga-se de passagem, rijas como calhaus, dado o frio que se faz sentir nesta altura do ano em Portugal) nos permite admirar.

Da parte que me toca, gostei do carnaval, que me lembre, aí uns 2/3 anos da minha vida. Apenas em petiz gostava de me mascarar (sempre de cowboy) e ir para a escola reinar com os meus amiguinhos a mandar confettis e fitinhas a tudo o que mexia.

Mais tarde, algures numa adolescência/idade pré-adulta, tive mais um ou dois carnavais em que, não me mascarando, tinha em conjunto com alguns amigos uma diversão especial.

Como já alguns de nós tinhamos carta de condução o divertimento era ir para a estrada do guincho mandar balões de água ás prostitutas que por ali tentavam, bravamente, ganhar o seu sustento.

Uma derivação deste "divertimento" era passar, no carro, à porta das principais discotecas de Cascais e mandar rajadas de balões de água ao pessoal que estava na fila para entrar (rico passado...estarão alguns de vocês a pensar).

Relativamente a este assunto, Deus nosso senhor, encarregou-se de me castigar anos mais tarde quando em passeio com a minha namorada da altura, actual mulher, íamos para a Discoteca Coconuts em Cascais com mais um casal amigo.

Deixámos o carro no centro de Cascais e fomos a pé para a Disco uma vez que estava uma noite bastante agradável. Lá íamos nós a desmoer o jantar que pouco antes tínhamos mandado abaixo e, heis que senão quando, surge de frente para nós um carro que vinha devagar e de luzes apagadas "olha-me este borrego escuro como breu e ele com as luzes do carro desligadas" pensei eu.

Nem dois segundos depois, este borrego que vos escreve, leva com dois balões de água nas fuças que até viu estrelas, como que um castigo divíno em forma de borracha cheia de água, cumpriu-se o desígnio do Senhor. Bem dados, digo eu que contra mim escrevo, quem com ferros mata...

Tirando este episódio, da parte que me toca e sobretudo durante a minha vida boémia da adolescência, sempre acompanhei os meus grupos de amigos a festas de carnaval nas discotecas, com algumas nuances, sobretudo uma, NUNCA, como eles, me vesti de mulher.

Primeiro porque acho que como gaja devia ser feia como um par de cornos que chocou de frente com um camião TIR; segundo o barbeiro que faz em Fevereiro no nosso país não me parece ser compatível com saias e decotes; terceiro acho que esse fetiche tão "Tuga-Macho" é de uma paneileirice de primeira apanha.

Depois tinha mais factor disuasor, com que moral é que eu chegava ao pé de uma garota na discoteca para meter conversa? Dizia o quê? Olá eu sou o Luís e nem imaginas o que te espera debaixo desta saia? ou Olá, queres retocar-me a maquilhagem? ou ainda Olá, eu sou o Luís, estou vestido de mulher mas sou um machão dos bons... não sei... não me parecia credível.

Para mim o Carnaval só pode ser de duas maneiras, ou no Brasil com calor e cerveja e festa rija todos os 7 dias da semana ou em Veneza com a distinção e glamour que todos conhecemos.

Aqui em Portugal o que é que temos? Matrafonas em Torres Vedras, Gigantones mal amanhados acompanhados por Zés-Pereiras a bater no bombo já carregados de vinho morangueiro até ás orelhas, gajas semi-nuas a rapar um briol dos diabos que o mais que ganham é uns piropos, assobios e algumas umas penumonias valentes, o Alberto João Jardim com aquela cara de palhaço bêbado que ele tem, a dizer asneiradas como aliás faz o resto do ano todo...não sei de vocês, respeito quem gosta da folia própria desta época do ano, tenho muitos amigos que são autênticos foliões/rabetas (...vestem-se de mulheres) mas isto tudo parece-me meio foleiro.

De qualquer maneira, agora que sou pai, também contribuo, na figura dos meus dois filhos, para a folia carnavalesca uma vez que nestas suas tenras idades também os mascaro para as festas na escolinha.

Só espero que daqui a uns anos não me venha a arrepender de ter contribuido para criar mais dois individuos que durante dois ou três dias do ano a sua diversão é subir nos saltos altos da mãe enquanto pincelam os lábios com baton e os olhos com rimel. A ver vamos...

1 comentário:

  1. Uma vez mais adorei a tua converseta e concordo em absoluto contigo. Carnaval é mesmo só no Brasil.
    Milú

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