quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O Rui

Estávamos no verão de 2008, época de pico de trabalho na área de negócio onde me encontro.

A dada altura, enquanto no meio da fábrica eu dava chibatadas no cú de uma brsileira para ela se mexer mais rápido ao mesmo tempo que gritava com uma molengona de uma ucraniana, aparece um tipo para falar comigo.

Apresentou-se, Rui Pereira. Um tipo de quarenta e qualquer coisa anos, muito moreno (um pouco ao estilo marroquino), de óculos, calvo, barrigudo, sempre a esfumaçar e com uma boa disposição contagiante e muito afável. Simpatizei com o tipo quase que de imediato, apesar de ele deunciar claramente o estilo de vendedor de banha da cobra, cheio de amabilidades e simpatias e com conversa sobre tudo e em qualquer situação.

Ele tinha trabalhado numa empresa nossa concorrente e estava a criar um negócio numa área complementar à nossa.
O motivo da visita prendia-se com o facto do Rui querer criar sinergias com a nossa empresa e queria reunir por forma a estudar a viabilidade de tal parceria e definir eventuais moldes da mesma.

Como, à altura, o tipo de assunto não era da minha responsabilidade, encaminhei-o para o nosso Administrador que mantinha o pelouro da estrutura comercial e de marketing.

Após várias visitas e reuniões lá se fizeram alguns negócios em conjunto, trocaram-se contactos, vendemos-lhe alguns equipamentos necessários para a implementação do seu novo negócio e sempre que pela a empresa aparecia o Rui, era sempre o mesmo ritual, cumprimentos efusivos, trocas de ideias sobre o decorrer dos negócios, queixas mútuas sobre a actual conjuntura socio-económica, enfim o tipo é mesmo aquele típico bom falante simpático com o qual nunca temos uma ligação muito intíma mas que sempre que aparece é uma presença agradável.

Na semana passada estava à secretária com o meu Director Geral e ele, a dada altura diz-me: tenho de ligar ao Rui, tenho aqui uns cheques dele para dar entrada no banco, vou-lhe ligar.
O discurso foi mais ou menos este:
-Estou Rui,
-ahhh
-e posso falar com ele?
-ahhh, peço desculpa não sabia...
-está bem eu vou ver e já lhe ligo amanhã ou depois...
-ok, boa tarde.


Então? perguntei. já não trabalha lá?
Não, disse-me ele, morreu no Natal.A sério??!!! de quê?? não sei, disse-me o meu director.

Chiça....
Depois pensei, o tipo até tinha um aspecto saudável.
Pensei novamente, Fodeste-te - vai na volta, Deus Nosso Senhor, lá do cimo da nuvem onde ele está, fartou-se de te ver a chupar Marlboro como quem come pevides, e de te ver comer que nem um animal os polinsaturados todos que enfiavas no bucho, sacou de um daqueles raios que ele tem no seu cinturão e enfiou-te mesmo no meio do ventrículo esquerdo, causando-te um enfarto do miocárdio.

Hoje, numa reunião de direcção da minha empresa, falou-se na morte do pobre Rui. Como tenho estado de férias, não sabia das últimas notícias sobre tão abrupta morte.

Afinal o Rui, enfiou-se na casa de banho de casa com duas botijas industriais de gás, tapou todos os orifícios do WC com papel higiénico, desligou o quadro eléctrico para não causar nenhuma explosão (consciencioso, tirando a parte de escolher o Natal), fechou-se no WC, abriu o gás e lá foi ele ao encontro do Salvador.

Ele há coisas filhas da mãe... logo aquele artísta bem disoosto e bonacheirão...
Isto quem vê caras...
Para pensar.

2 comentários:

  1. Entrei pela 1ª vez no teu Blog, hoje, dia 14 de Fev. às 18:17 e sinceramente ADOREI a tua maneira de escrever. Tens um relato dos acontecimentos como se estivesses aqui ao meu lado a contar uma história. Não fora o que aconteceu ao pobre do Rui e dava para rir a bom rir. Continua. Vou ser tua leitora fiel.
    Milu

    ResponderEliminar
  2. Obrigado Milu.
    Com esta brincadeira ainda vou escrever um livro e ser famoso eheheheh ;)
    Bjinho

    ResponderEliminar