domingo, 31 de janeiro de 2010

O artista está em decadência.

Sempre tive a mania de que tinha algo de estrela em mim e que mais cedo ou mais tarde estaria condenado a brilhar por esses palcos fora, a exibir uma qualquer arte, nunca me decidi bem por qual.

A dada altura, num passado mais ou menos recente, fui actor de teatro amador, fiz meia duzia de peças, uma das quais de grande gabarito, como que a fazer jus ao nome do meu blog.

A peça era um musical - " O Casino" e eu, como não podia deixar de ser era figura de destaque no elenco. Fazia na parte inicial da peça de bêbado que tenta a toda a força entrar no Casino. Mais à frente de um advogado viciado em Roleta e que tinha um dom especial para a música.
Para além das falas que tinha ao longo da peça, tinha de cantar ao vivo dois temas, o primeiro o "Up were we belong" um dueto que ficou famoso no filme "Oficial e Cavalheiro" e que originalmente era interpretado pelo Joe Cocker e pela Jennifer Warnes.
Eu e a Sandra Neves interpretávamo-lo com grande brilhantismo.

A solo tinha ainda de cantar o imortal "My Way" do não menos imortal Frank "the voice" Sinatra e o "Stangers in the night" também do Frankie.

Esta peça em particular foi um sucesso, com destaques na impensa local, e criticas muito positivas por parte do público.
"O Casino" deu origem a uma sequela, "O Casino II".

Eu fazia a mesma personagem de advogado (o bêbado já não estava no cast) e, claro está, tinha também de cantar.

Tinha à mesma um dueto, desta feita com a Elvira Pereira, no qual cantávamos, também brilhantemente, o "up were we belong" numa espécie de encore, a pedido de várias famílias e cantava a solo o "Just a Gigolo" do Louis Prima.

A peça foi outro sucesso estrondoso, ganhou o 1º prémio na 1ª mostra de teatro amador de Cascais perante a plateia repleta da SMUP na Parede com capacidade para +-200 pessoas e obteve por parte da critica e imprensa local o mesmo destaque da primeira versão.

Depois chegou a altura da faculdade e as incursões pelo mundo da representação deram lugar ás alcoólicas noites da Tuna do ISLA, a Tunilingus.

Para além de tocar cavaquinho, era um dos tenores da tuna e solista num dos temas de abertura das nossas actuações.
Foram anos fantásticos, recheados de actuações ao vivo, de aclamações pelos alcoolizados públicos que nos ouviam, e de tamanhas bebedeiras em palco que por vezes o alinhamento da actuação era definido aquando da subida ao palco e entre arrotos e mais tragos de cerveja.

Os anos de teatro mais os anos de tuna, aguçaram o gosto que já tinha por música.
Em casa, no trabalho ou qualquer outro lado ou situação, quem me conhece sabe que estarei sempre, ou quase sempre, a trotear qualquer coisita.

Exemplo: o duche, esse grande momento que agarrado ao chuveiro, qual microfone, e de olhos fechados como que a cantar para um Royal Albert Hall repleto para me ouvir, sempre cantei músicas comerciais, fados, rock, modinhas da tuna, um pouco de tudo uma vez que sou altamente eclético no meu gosto musical.

A decadência a que cheguei na minha actividade artística tem chegado ao seu apogeu desde que fui papá.
O duche, palco que outrora era complementado com palcos a sério é agora o meu único, molhado e solitário palco.
Como se isso não bastasse, temas como, My Way, Numb, Are u lonsome tonight, Allways, entre muitos outros, ou da moda, ou clássico de sempre, deram lugar aos massacrantes Abram alas ao noddy, ao Ruca, aos Macaquinhos que saltam na cama, e muitos outros da animação de hoje em dia.

Pior, do chuveiro, já passei a cantar, sem dar conta, como que possuído pelo espírito dos desenhos animados, em sitios, como o carro, as filas do Multibanco ou até o escritório!!! (facto que não deve abonar muito em meu favor, uma vez que partilho o gabinete com o director geral da empresa).

Alguém me sabe dizer quais são os "pingos" que tenho de tomar para aliviar estes sintomas da paternidade recente??

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